Só ele, distraído como é, não deu conta. Porque a questão, na altura, levantou risos e comentários entre todos.
Mas por que raios é que à falta de chantilly se lembram de comprar espuma de barbear? Está bem, porque é branco e parecido. Mas não era a nossa intenção primordial, para além da aplicação tópica, a apreciação táctil de língua e a satisfação gulosa do paladar?
Fosse como fosse, com chantilly ou espuma de barbear, o nosso cesto de compras deve ter reunido um dos arranjos mais surreais que chegaram aos olhos da menina da caixa. A bebida, a muita bebida, tinha algum protagonismo, tanto no cesto de compras como na nossa disposição, que já ía bem regada para o supermercado. Fossem assim todos os clientes e ser caixa de supermercado seria tudo menos um trabalho monótono. Mas aquela, ao que nos pareceu, não estava habituada a tanta simpatia e meio confusa acabou por não aceitar o nosso convite para a festa. Ou isso, ou ao contrário do Nuno, ouviu falar do propósito do chantilly - que afinal acabava por ser espuma de barbear.
A toda esta nota introdutória segue a história, em flashforward, ao momento da noite que tornam pertinentes as informações até aqui avançadas. Pulam-se assim alguns pormenores escabrosos e evitam-se outros tantos que poderiam levar a alguma confusão, preconceito e escandalizar os demais.
Éramos poucos, recebêmo-las com sinceridade, cordialmente e sem abusos. Servimos-lhes champagne, contámos-lhes umas piadas com piada e elas, rapidamente, puseram-se à vontade. Perceberam que podiam ter domínio sobre a situação.
A atenção do Nuno perde-se no essencial, mas não nos pormenores e quando demos conta estava ele a substituir as lâmpadas do quarto por outras coloridas. Pouco depois, já atestávamos da qualidade da ideia pelo excelente efeito de cores que se projectava no corpo mulato que serpenteava à nossa frente.
De repente alguém se lembrou e foi buscar a lata. Pediu delicadamente à menina para se deitar na mesa da sala e espalhou-lhe, generosamente, o branco na sua pele escura.
Para nosso espanto, o Nuno, afoito, levantou-se e de olhar travesso, num instante, já abocanhava a mama da criatura.
Houve um momento em que tudo ficou calado, todos incrédulos... até a menina! Silêncio. Todos de olhos incrivelmente abertos perante tanta alarvidade e estupidez, acima de tudo os do próprio Nuno, que de boca cheia de espuma Gillete Series ainda balbuciou um óbvio:
- Isto não é Chantilly!
Se havia alguma inibição, ela foi derrubada naquele preciso momento. Todos nos partimos a rir!
E o deboche e a luxúria seguiram noite dentro, com particular divertimento, e encerrando muita história e momentos para um dia contar... não propriamnete aos netos, mas quem sabe num blog!
quarta-feira, 4 de março de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
10 comentários:
Pois que me parece que foi uma noite...fantástica. Mas espuma de barbear?!?! Por favor...
Realmente, o que o álcool faz às pessoas...
Era uns moranguinhos, um fondue de chocolate e chantilly, pois com certeza. As meninas pelo menos seriam muito mais bem lambidas.
Marycarmen
ahahahahahha
Adorei o post!
Realmente, com chantilly era muito mais saboroso...mais bem aproveitado o momento...dava para mais brincadeiras do que a espuma de barbear.
Mas lá que deve ter dado para rir, deve!
Sempre os doces...não sabem que os doces fazem mal ao dentes? :))
E o que sugerias? Ketchup, mostarda?
Lol!
Sugeria os sentidos pelos sentidos, o suor de um corpo encostado ao suor de outro...claro que neste caso era muita gente...ainda morriam afogados em suor...gente a mais (digo eu que vou para o convento) ihihihi
PS: se bem que mostarda nas salsichas...
Sim, seria demasiada gente para se celebrar o encontro de corpos com suor, a 2 resulta melhor, acho eu!
Isso do suor, só por si, é assunto para dar um post interessante.
Quanto às salsichas, concordo, ligam bem com mostarda... espera... do que é que estás tu a falar? ;)
Um dia fiz-me passar por prostituta. Foi numa festa de despedida de solteiro. Conheci-os na Arrifana, voltavam de surfar e meteram conversa comigo e com a minha amiga, convidaram-nos para uma pequena festa intima... e nós, gulosas, fomos!
Mais tarde quando o último convidado chegou recebi-o de toalha enrolada e cabelo molhado. Fiz o meu papel de lhe oferecer uma bebida, sorrir, pô-lo à vontade e sugerir um momento de descontracção íntima a dois enquanto os outros amigos dele descansavam de uma tarde em beleza! Excedi todos os limites do que antes poderia ter imaginado sobre aquele fim de semana... e por uma tarde gostei!
Cara menina "Anónima" ;)
Tenho a ideia que passamos a maior parte do tempo a dissimular a nossa sensualidade, apetências eróticas, vontades e desvarios. Por princípios que auto-impomos, pela forma como nos sociabilizamos ou por não nos querermos expor de uma forma que dê origem a eventuais abusos.
Inventamos mil desculpas para não nos entregarmos (e tão bem que assenta agora aqui esta expressão) de corpo e alma aos prazeres dos sentidos mais íntimos.
Na história que relatas estavas de férias, estavas solta, dominavas a situação e brincaste com a tua imaginação... é claro que gostaste!
Já seria óptimo conseguirmos concretizar 1% das nossas fantasias. Com essa percentagem já eu teria matéria para 20 blogues do género!
Enviar um comentário